segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Sarna Demodécica

Sarna Demodécica


É também conhecida como demodecicose, sarna negra, sarna folicular, sarna vermelha e, nos casos mais graves, lepra canina. A sarna

 demodécica é causada pelo ácaro Demodex que faz parte da fauna da pele normal dos animais. O Demodex apresenta várias espécies

, sendo que cada uma delas apresenta afinidade para um determinado animal. O Demodex canis com afinidade aos canídeos, D. cati aos

 felídeos, D criteri aos Hamsters, o D cuniculi aos coelhos e lebres. Felizmente estes agentes não contaminam o ser humano


O Demodex, que normalmente convive em paz com o animal sem causar nenhuma alteração na sua saúde, pode tornar-se um agente

 extremamente nocivo a qualquer momento. Para que isso ocorra é necessário que haja uma baixa de resistência do organismo, só assim

 o parasita torna-se ativo. O ácaro, que vive na profundeza da pele nos folículos pilosos e glândulas sebáceas, passa a se reproduzir de

 forma extraordinária e espalhar-se pelo organismo podendo ser encontrando nos linfonodos, gânglios linfáticos, baço, parede intestinal,

 glândula mamária, bexiga, fígado, pulmão.


Um animal pode contrair a sarna demodécica através do leite materno, nos primeiros dias de vida, se a fêmea que estiver contaminada

 pelo ácaro. Um cão afetado pela sarna demodécica não transmite a doença para outro cão através do contato. Esse tipo de transmissão

 ocorre apenas no caso da sarna sarcóptica ('sarna comum').


O diagnóstico da sarna demodécica é feito através da observação dos sinais clínicos (lesões na pele, prurido, etc.) e exame laboratorial

 ('raspado de pele') para detectar a presença do parasita.


Tipos de Sintomas:


Forma Localizada: 


Caracteriza-se por uma ou mais áreas de queda de pelo, circunscritas, pequenas, avermelhadas e escamosas. Observamos com frequência

 na região da face, focinho e extremidade dos membros principalmente nas patas. É de fácil tratamento sendo que, na maioria dos casos,

 somente o tratamento externo, com formulações de loções ou pomadas, promove uma rápida cura. 


Forma Generalizada: 


Na maioria dos casos é evidenciada nos animais jovens havendo uma predisposição hereditária. É, sem dúvida, a mais grave e de difícil

 cura. A característica marcante dos sintomas é a grande inflamação que atinge várias zonas do corpo principalmente a região da cabeça

, peito, sobretudo ao redor dos olhos. O animal passa a ter um aspecto deformado, envelhecido, tomando a pele a aparência de 'pele de

 elefante'. O prurido (coceira) torna-se mais intenso e o coçar contínuo irrita a pele tornando-a uma porta aberta à entrada de infecções

 secundárias por bactérias e fungos.


O aumento da atividade bacteriana e secreção sebácea predispõe à formação de nódulos purulentos "bolhas de pus". O animal perde o

 apetite, exala um odor repugnante e se não for socorrido morre em pouco tempo.


Para obtermos sucesso no tratamento, deveremos considerar os fatores predisponentes ao aparecimento da doença, como por

 exemplo: o estado de nutrição nas fêmeas, o ciclo hormonal, gestação, amamentação, o stress, as verminoses, uso de medicamentos

 com ação no sistema imunológico ("corticóides") e enfermidades debilitantes.


Tratamento Externo:


Para que haja maior contato do medicamento com a pele, é necessário tosquiar inteiramente o animal. Produtos emolientes que 

facilitam a remoção das crostas são aplicados na forma de loções ou xampus. A aplicação de parasiticidas diluídos em água, duas vezes

 por semana, proporciona uma ação sarnicida muito eficaz. Nos casos de infecções secundárias, os medicamentos mais utilizados são

 produtos à base de Cloretidina, Benzoato de benzila, Cetoconazol, etc..


A formulação dos produtos ou utilização de medicamentos existentes no mercado são opções de escolha do médico veterinário.




Tratamento Sistêmico: 


Combatemos as infecções secundárias com o uso de antibióticos escolhidos através de testes de sensibilidade ("Cultura e

 Antibiograma") e administrados por longo período. O exame parasitológico das fezes indicará a necessidade de vermifugação. O

 animal deverá ter uma dieta alimentar rica em proteínas, vitaminas e sais minerais sendo necessário uma suplementação adicional.


O tratamento imunológico é, sem dúvida alguma, o mais importante! O objetivo deste tratamento é estimular as defesas naturais do

 organismo, de uma maneira segura, eficaz e sem nenhum efeito secundário. As vacinas utilizadas são compostas por células inativas

 de bactérias do gênero: Propionibacterium, Escheriquia e Corynobacterium. Em geral são feitas aplicações por via intra-muscular com

 intervalo semanal durante alguns meses de tratamento. Como a quantia de vacina injetada é muito pequena, utilizamos seringa do

 tipo insulina, que pode ser facilmente aplicada pelo proprietário do animal.


Dispomos também de medicamentos como a Inosina, que favorecem a recuperação do código genético inibindo a replicação de

 bactérias e fungos. Medicamentos cuja formulação contenham selenito de sódio, aminoácidos e vitaminas do complexo B contribuem

 de forma expressiva para a melhora do estado geral do paciente.


Em suma, pela breve descrição da complexidade da Demodecicose, podemos concluir que é de fundamental importância a orientação

 do médico veterinário para alcançarmos a cura desta terrível doença.




Roberto Migliano Monteleone



médico veterinário (CRMV SP 1833)


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